Há uma ideia generalizada, entre muitas empresas multinacionais que comunicam os seus produtos e serviços em Portugal a partir de fora, de que os portugueses são uma espécie de poliglotas incríveis – uns desenrascados (palavra intraduzível mas que eles percebem o que significa) que compreendem tudo. Especialmente quando comparados com os seus vizinhos espanhóis…
A partir desta ideia enviam para os media “coisas” em Inglês, em Espanhol – ou até mesmo em Português do Brasil – na esperança secreta de que “é a mesma coisa” do que enviar no idioma local e que, mesmo que não seja, pouparam tempo e dinheiro ao evitar a tradução e adaptação. Claro que esta ideia tem um fundo de verdade: os portugueses são efetivamente uns desenrascados no que diz respeito a entenderem e fazerem-se entender noutro idioma que não o seu. Seja qual for a razão – as explicações habituais vão desde ao hábito de legendar filmes e séries em vez de “dobrá-las” até ao facto de sermos “uns tipos simpáticos que se esforçam por agradar aos estrangeiros” – existe efetivamente bem mais do que apenas um fundo de verdade nesta forma de pensar. Contudo, uma coisa é os Portugueses terem facilidade em entender e fazer-se entender noutras línguas que não a sua. Outra, muito diferente, é esperar que jornalistas e bloggers tratem da mesma forma a informação que lhes chega num outro idioma que não o seu. Não porque não entendam o que lá vem escrito, mas porque é muito mais simples e rápido poderem usar diretamente o texto em Português numa notícia ou artigo do que terem de o traduzir primeiro. Quando o Google+ foi lançado em Junho de 2011 foram muitos os que garantiram que o Facebook tinha os dias contados. Quatro anos depois sabemos que o Facebook está bem e recomenda-se (muito embora seja recorrente a ideia de que "está a morrer", mas isso são contas de outro rosário) e, quanto ao Google+, nunca chegou a ganhar massa crítica para poder sequer entrar na corrida enquanto rede social credível.
Mas este não é um post sobre o óbvio, mas sim uma wake up call para as empresas: se não tem ainda uma página no Google+, pense seriamente em criá-la. A ideia de uma página de empresa no Google+ parece não fazer sentido – e, enquanto tal, não faz – mas é extremamente importante para o momento crucial em que alguém faz uma pesquisa via Google. Na imagem acima, o resumo da AEMpress no canto superior direito, completo com um mapa de localização, morada, telefone e horário, foi gerado automaticamente pelo motor de busca por cruzamento de dados com a nossa presença no Google+. Uma notícia recente da Reuters dá conta de uma alteração discreta mas importante no algoritmo de pesquisa do Google: desde Setembro de 2014 que a informação veiculada pelas empresas (no fundo, os seus press-releases) fazem parte da pool de fontes a que a Google recorre para exibir resultados na secção Notícias sempre que os utilizadores procuram informação empresarial. Mais: os links para essa informação podem surgir no topo da primeira página de pesquisas, com um peso tão grande ou maior do que as notícias produzidas pelos media.
Há muitas formas de olhar para esta alteração (a minha costela de jornalista sugere-me várias...) mas uma leitura possível, e interessante para o mundo do PR, é simples e direta: não, o press-release não só não morreu como está bem e recomenda-se. Num mundo de click bait é comum vermos artigos com títulos sobre "A morte do press-release" ou até mesmo a "Morte das Relações Públicas"... O que, como tudo na vida, tem um fundo de verdade e pode ser visto do ponto de vista do copo meio cheio ou do copo meio vazio. |
AutorAntónio Eduardo Marques é o fundador da AEMpress. Arquivo
Novembro 2019
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